O Corpo - Aceitação exterior
À medida que nos descobrimos e aceitamos o nosso corpo surge como como uma extensão natural do nosso Ser.
O Corpo que nos acompanha desde o nascimento, evolui e transforma-se ao longo dos tempos mantendo-se inalterada a opressão sobre o mesmo ditada pela sociedade, pela religião, pela família, pelos média e pela moda.
A religião com o pecado, a sociedade com o decoro, a moda com as imagens perfeitas e irreais , o estado com normas, as leis e a formatação imposta pela via do ensino, constituem todas elas um conjunto alargado e elevado de barreiras à aceitação individual do Corpo.
Após a passagem da barreira do EU, através da aceitação do que somos e como o somos, ficamos prontos para esta etapa mais difícil, longa e dolorosa.
Até aqui fizemos um caminho interior, só nosso e ao qual apenas acederam os mais próximos ou mais íntimos. A partir daqui precisamos de espaço, inicialmente podemos faze-lo dentro da nossa privacidade, no nosso quarto, na nossa casa e em privado.
Partindo da aceitação do EU iniciamos o caminho em direcção à aceitação do Corpo ganhando determinação e força para superar esta barreira.
Se me aceito por dentro não faz sentido não me aceitar por fora.
O meu Corpo é o meu Corpo, é único e é só meu, é a “roupa”, o “fato”, o traje que a natureza me deu e que moldei ao longo da vida na minha caminhada, com a minha prática desportiva, com a minha alimentação e com o meu trabalho.
Independente do que fiz e como fiz, deu muito trabalho a esculpi-lo, é fruto do que sou, do que fui e do que serei, acumula a minha vida ao longo dela.
Cada cabelo branco ou desaparecido, cada cicatriz, cada ruga, cada prega, cada ponto do meu corpo tem uma história, uma vivência, tem o resultado da minha vida e do meu Ser.
Aceitar o meu Corpo é aceitar o meu Eu, o meu passado e o meu futuro, é aceitar a possibilidade de o manter, de nada fazer, mas também é aceitar a possibilidade de através da pratica desportiva, da alimentação, a da meditação, do exercício e porque não da ciência de o mudar, de o trabalhar, no entanto faça o que faça ou aceite o que fiz, é e será o meu Corpo.
Olhar e aceitar, ver ao espelho e reconhecer, respeitar, entender que parte de mim mesmo, que é único e só meu, é concluir a jornada e ficar pronto para o passo seguinte.
Nesse momento aceito-me plenamente e ultrapasso a barreira do meu Corpo, passo a ser um Ser de corpo e alma, único e indivisível.
Descubro o conforto de andar despido, descubro a minha liberdade individual no meu estado mais puro.
Eu sou Eu, o meu Corpo é o meu Corpo, somos um só, o que me fizerem desde que nasci, perdeu peso, perdeu importância, relativizou-se, não importa mais.
Chegado aqui estou pronto para o mundo, pronto para o próximo passo, pronto para ultrapassar uma nova barreira.
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