Naturismo – Uma filosofia de
vida, plena de valores humanos!
Num tempo e num mundo onde cada vez mais a violência sob
as mais diversas roupagens - em lugares, ocasiões e oportunidades - toma conta
da maneira de estar do Homem, o Naturismo, como filosofia e prática de vida em
comum com o universo que nos rodeia, parece constituir um oásis de bem estar e
de felicidade que urge preservar, divulgar e incentivar.
A comunhão dos valores tradicionais do Humanismo com o sentido da
preservação do meio ambiente natural e da saúde física e psíquica, faz do
Naturismo uma prática de vida plena de valores, contrastando com o deserto agreste em que se vem transformando o mundo
em que vivemos.
“Todos os Homens nascem Livres e Iguais” – Artº 1º
da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Para o Naturista não só os homens nascem livres e iguais,
como assim devem continuar a viver porque os valores da Liberdade e da
Igualdade são pilares fundamentais da sua filosofia.
Desde logo, o Naturista é um ser profundamente livre. Livre de preconceitos
hipócritas que acorrentam o ser humano a posturas anti-naturais, geradoras de
desvios capazes de lhe moldar um futuro cheio de escolhos deformadores da vida
em que o receio, enquanto sentimento aterrador se defende com todas as formas
de violência.
A Liberdade no Naturista assume toda a sua plenitude que, por ser física e
psíquica é a simbiose perfeita que lhe proporciona todo o bem estar, toda a
harmonia que o leva ao são relacionamento com os outros e com a Natureza.
A Igualdade no Naturista começa na aceitação de si mesmo (e dos outros) tal
como nasceu, tal como é e tal como se vai transformando ao longo do seu ciclo
de vida. Essa assunção da vida é naturalmente transportada para a sua visão do
Mundo, daí resultando o seu são relacionamento com os outros e o meio ambiente.
Despido de roupagens, o Naturista é igual a si mesmo, igual aos outros,
respeitando a igualdade de oportunidades de vida para todos os seres que
constituem o universo que os rodeia.
Neste enquadramento, o sentido da fraternidade e da solidariedade floresce
naturalmente, transformando o Naturista num ser em que a convivência com os
outros é fraterna e solidária. Fraterna porque desde logo respeitadora.
Solidária porque partilha sentidamente os grandes valores do Naturismo.
A Paz constitui outro valor essencial para o Naturista. Ela começa afinal
dentro de si e reflecte-se em todos os seus actos, quer no seu relacionamento
humano, quer com a Natureza. A harmonia que sente física e psiquicamente molda
a sua atitude, tornando-o num ser profundamente pacífico.
A Procteção do Meio Ambiente Natural constitui uma divisa fundamental no
Naturista. Ele sabe que o equilíbrio ecológico constitui condição de Mais Vida
e Melhor Vida. Só uma natureza harmoniosa lhe proporciona o bem estar. O
desenvolvimento para o Naturista não é um fim a alcançar sem princípios, bem
pelo contrário – ele deverá ser feito de forma sustentada ao serviço do Homem,
sem prejuízo da manutenção do equilíbrio natural fundamental para a vida de
todos os seres que com ele partilham o mundo em que vive.
Todos estes valores se acentuam e purificam no Naturista, resultado da sua
nudez física e psíquica. Através delas o Naturista capta as forças vitais
existentes na Natureza que, de forma determinante contribuem para a sua
felicidade.
O Naturista não vive os “tormentos”
relacionados com o exibicionismo têxtil e a obcessão sexista. Com a sua nudez
psíquica o Naturista não diferencia o seu próximo por aquilo que veste, nem vê
no sexo uma finalidade do seu relacionamento. O Naturista ama a vida e a sua
nudez plena partilhada colectivamente, influencia de forma sã e positiva a sua
postura sexual. Ele encara o sexo de forma natural e pratica-o de forma
saudável com a(o) sua(eu) companheira(o)
de forma a que lhes proporcione partilhadamente prazer, do qual retiram assim
todo o benefício da harmonia resultante dessa comunhão.
A sensualidade no Naturista reside no aproveitamento integral das sensações
resultantes do seu contacto físico com toda a Natureza, absorvendo assim todo o
estímulo positivo que os seus elementos transmitem e que são geradores de todo
o bem estar.
Para o Naturista o Nú não é um fim em si mesmo, mas antes o meio pelo qual
alcança a harmonia psíquica e a captação física da força vital que emana da
Natureza e não pode por isso ser confundido com ausência de decoro sexual.
Como escreveu o Papa João Paulo II (ainda então Bispo de Cracóvia – em
“Love and Responsability”*) “O decoro
sexual não pode, de nenhuma forma, ser associado ao uso de vestuário, nem a
vergonha com a ausência de roupa e a total ou parcial nudez...A nudez como tal
não deve ser equiparada ao descaramento físico. A ausência de decoro
existe a penas quando a nudez desempenha
um papel negativo no que respeita ao valor da pessoa, quando o seu propósito é
o de resultar em apetite sexual, no qual a pessoa é colocada na posição de
objecto de prazer.”
Assim, também o Naturista repudia todas as formas de exibição e sujeição do
corpo humano para fins de exploração comercial e física incluindo naturalmente
a sexual.
Para o Naturista, a contemplação da nudez permite antes compreender a
verdade humana na sua plenitude, na sua beleza e sobretudo na sua dignidade.
*tradução de H.T.Willets – Farrar, Strauss & Giroux,
N.Y. 1981, (pag. 190).
Publicado originalmente no "O Natural" Nº 5
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